sexta-feira, novembro 27, 2009

efeito máquina digital...

Sou do tempo em que o cara ia viajar com um filme de 24 poses na máquina fotográfica. Quando fui pros EUA chutei o balde, levei quatro rolos de 36 poses! Imaginem só! Mas o mundo evoluiu, e chegamos ao maravilhoso mundo da fotografia digital. Claro, ganha-se de um lado, perde-se de outro. Não temos mais aquele momento mágico de ir buscar as fotos depois de reveladas. Quem passou por isso sabe do que estou falando. Nem vou comentar o lado técnico da coisa. Mas o que mais me chama atenção, é que a fotografia virou uma coisa banal e infinita. Hoje as pessoas tiram duzentas fotos numa noite. Isso é legal? Claro que é. Mas o volume de fotos acaba diminuindo o valor de cada uma delas, não? Outra coisa que me chama atenção. Quando as fotos eram poucas, elas retratavam o momento, sem armação. Saiu assim, ficou assim. Hoje as fotos são repetidas até serem qualificadas como boas, ou até que as 10 pessoas da foto tenham se considerado bonitas suficiente para irem parar na internet. As pessoas chegaram ao ponto de descobrir que "com a cabeça inclinada de tal forma, com o rosto virado pra lá" é o seu ângulo mais fotogênico. Assim sendo, é fácil encontrar álbuns em que a pessoa esté idêntica em todas as fotos. Chega a ser estranho, todo mundo de frente, e aquela menina com o rosto de ladinho. Não interessa em que canto do grupo ela se encontra, a pose deve ser mantida. Daqui um tempo não teremos mais aquelas fotos engraçadas do passado, a foto que deu errado. Ela será deletada no segundo seguinte, e substituída por uma bem perfeitinha, produzida com todo o cuidado do mundo.
O efeito máquina digital é somente um dentre tantos, demonstrando que a evolução tecnológica é muito boa, mas o mundo está perdendo seu romantismo.

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