quinta-feira, setembro 30, 2004

O GARIMPEIRO


No Brasil existia um homem. Um verdadeiro garimpeiro. Este homem buscava sua grande jóia. Um brilhante, um rubi, ouro, seja lá o que fosse, ele procurava a sua jóia perfeita. Buscou, por muito tempo buscou, muitas vezes encontrou, mas nenhuma que tivesse o verdadeiro valor que procurava.
Foi que num certo dia, este homem, que já encontrara inúmeras jóias, mas nunca sentia-se feliz com elas, encontrou uma jóia maravilhosa. Encheu os olhos com seu brilho, sua beleza era incomparável. Estava realmente deslumbrado com a magnitude e a perfeição daquela jóia. Ele percebeu que nunca havia conseguido algo de tanto valor, e por isso preocupou-se. Como garantir que terei sempre esta jóia? Dentro do seu coração uma enorme angústia, pois sabia que estava correndo o risco de perder aquilo que sempre buscou em sua vida. Primeiro a trouxe pra casa, imaginando ser aquele local um lugar seguro. Ele estava tranqüilo. Mas o tempo foi passando e ele voltou a ser inseguro, já não sentia mais o seu lar invulnerável. Passou a ser uma pessoa cada vez mais controladora. Cada passo ao redor de sua jóia ele cuidava. Cada um que passasse perto era vigiado. Ele não tinha a intenção de esconder seu tesouro, apenas tinha medo de perdê-lo.
Com o passar dos meses começou a notar que a escuridão de sua casa não permitia que sua jóia brilhasse, e a se dar conta que aquela jóia havia sido encontrada no meio de todos. Aquela prisão não era a sua natureza. Parecia que ela estava perdendo o seu valor. Uma das características de sua jóia perfeita seria o brilho, e aquela já não parecia mais brilhar como antes. O homem entrou em conflito. Sabia que a beleza estava na jóia, mas o medo de perdê-la parecia cegá-lo, ao ponto de não deixá-la mais brilhar.
Acontece que certo dia, o homem percebeu que a vida é curta, e que sua jóia escondida do mundo não teria valor algum, nem para ele, nem para os outros, muito menos para a jóia, que só queria brilhar. Neste dia, possuído por enorme medo, o homem resolveu tirar a jóia de casa. Ela voltava a ser livre. Seu brilho encantou à muitos, sua beleza parava o olhar das pessoas. O coração do garimpeiro estava transformado em uma usina de ciúmes, seu desejo mais secreto era não dividi-la com ninguém. Ele sabia que não teria que dividir, ela era só sua, mas teria que aceitar olhares de desejo, propostas de pessoas que também queriam ter a jóia pra si. Mas ele caminhou firme.
Foi difícil, mas o homem entendeu que sua insegurança podia tranformar aquela jóia raríssima em mais uma pedra qualquer. Viveu inseguro muito tempo ainda, mas sempre feliz de poder olhar o brilho de sua jóia todos os dias. Cuidou dela da melhor maneira que pode, e só cometeu erros por amá-la demais.

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